3 de Dezembro de 2008 às 12:30
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A fusão entre o Itaú e o Unibanco elevou o total de operações de fusões e aquisições anunciadas neste ano de janeiro a novembro a US$ 90 bilhões no Brasil, um recorde histórico e um aumento de 71,4% na comparação com os US$ 52,517 bilhões no mesmo período do ano passado, segundo os números da Thomson Reuters. Até outubro, o total foi de US$ 72,466 bilhões, já um recorde histórico.
O Credit Suisse, ao assessorar um total de US$ 37,725 bilhões em transações, se manteve o primeiro colocado. Mas os grandes ganhadores de novembro foram o Rothschild - que passou de terceiro colocado no ranking acumulado até outubro para o segundo colocado no ranking até novembro, com US$ 37,292 bilhões realizados até o mês passado - e o Itaú BBA - que passou do quarto para o terceiro lugar, ao realizar US$ 34,1925 bilhões.
O Itaú BBA foi o único assessor na fusão do Itaú com o Unibanco, mas o Rothschild e o Morgan Stanley fizeram o laudo de que os valores da transação foram justos, a chamada “fairness opinion” que tem de ser apresentado aos acionistas. O Rothschild fez o laudo para o Unibanco e o Morgan Stanley para o Itaú. Pelos critérios da Thomson Reuters, ao fazer esse laudo os bancos são também considerados como assessores na fusão, que somou US$ 12,5 bilhões no ranking.
O Citi, por sua vez, que vinha como segundo colocado no ranking de fusões e aquisições no Brasil até outubro, posição conquistada e mantida por inúmeros meses, agora caiu para a quarta posição, atrás de Credit Suisse, Rothschild e Itaú BBA. O Citi realizou US$ 28,3952 bilhões até novembro, mesmo assim mais do que os US$ 25,2377 bilhões em transações assessoradas até o final de outubro.
Segundo Cândido Bracher, presidente do Itaú BBA, as perspectivas para o mercado de fusões e aquisições continuam positivas para os próximos meses, mesmo com a crise econômica. “Há muitas oportunidades e nós estamos agora com ainda mais força para participar do mercado após a fusão com o Unibanco”, disse, em almoço com a imprensa.
Jean Marc Etlin, responsável pelo banco de investimento do Itaú BBA, também presente no almoço, concorda. “Muitas empresas que pretendiam obter recursos no mercado de capitais agora estão em busca de parceiros estratégicos para poder crescer ou para ampliar sua liquidez”, afirma o executivo.
No mundo, no entanto, a crise afetou de forma determinante o mercado de fusões e aquisições e, segundo a Thomson Reuters, o total caiu 27,4%. Muitas transações no exterior eram feitas de forma alavancada e, com a falta de crédito em dólar, essas operações foram paralisadas.
Já no mercado de emissões de ações no Brasil nenhuma transação foi realizada no mês passado. Com isso, na soma do ano, o total obtido por meio de ações por empresas no Brasil até novembro ficou em US$ 20,9945 bilhões, 38,7% a menos do que em igual período de 2007. Na verdade, não aconteceram transações em agosto, setembro, outubro e novembro: o mercado está congelado há quatro meses.
Desde o acumulado no ano até julho, o Itaú BBA permanece o líder na assessoria dessas transações, com US$ 4,3144 bilhões realizados. O Credit Suisse está em segundo lugar desde então e o JPMorgan em terceiro.
Cristiane Perini Lucchesi, do Valor Econômico